Eis do que trata o Blog: "Encontros e desencontros na vida cotidiana de uma mae expatriada, com 3 filhos pequenos do Brasil para a Tailandia! Da Tailandia para os EUA, desde 2009."
Foi muito bom voce ter vindo!
Aqui vou partilhar coisas que ja' escrevi e que vou ainda escrever sobre esse incrivel Mundo de "SER MAE" e "SER EXPATRIADA"... AO MESMO TEMPO... por ai afora!
E, claro, postar sobre PLANEJAMENTO DE FESTAS & EVENTOS, ja' que depois que me tornei UMA MAE EXPATRIADA, descobri este incrivel Mundo pelo qual me apaixonei!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Como é uma mãe Chinesa?, por Simone C.

Texto originalmente publicado no UMA ESPOSA EXPATRIADA em 18/01/2011.
"Foi este artigo que mexeu comigo desde de manhã e passei o dia inteiro como ele na cabeça.
Por que as mães Chinesas são superioras” (original em inglês)
Amy Chua, a autora do artigo não se referem ao afirmar que usa de métodos espartanos na educação de suas duas filhas. Insultos, intimidações seriam coisas comuns nos seu dia-a-dia. Privações e castigos por que as meninas tiraram uma nota não satisfatoria na escola, e você pensa que um A- (a nota máxima nos EUA é o A+) já não estaria bom ? Claro que não, nada menos do que A+ em todas as matérias, exceto Educação Física e Interpretação (teatro).

E ai daquela que disser que não quer tocar violino e nem piano mas uma guitarra eletronica. Um insulto sem tamanho para essa mãe, que talvez saísse por ai arrancando os cabelos da pobre menina, um a um. Não imagino o que a mãe diria se encontrasse um pedaço de papel com um numero de telefone escrito as pressas, e com o nome “Phillip” no meio dos livros de piano da filha de 15 anos. Vai fazer o que, “castrar” a própria filha?

Minha família é parte chinesa desde que me casei (pelo simples fato de que meu marido é descendente direto de chineses) e com isso ganhei uma família de cunhados, primos, tios e tias, alem de amigos igualmente chineses e seus descendentes. Pensei logo na minha sogra, claro e a geração dela que com certeza se encaixa, com menos estupor talvez, no estereótipo da autora.

A maneira como ela expõe seus métodos deixa muita gente com dores no estômago, inclusive eu. Acho que o que mais me instiga não é nem tanto o método mas como essa mãe é capaz de privar as meninas do direto de decidirem seus próprios destinos. Por que teriam de virar modelos guiados pela mãe sem direito a vontades próprias, direito de exprimir seus próprios valores e vocações? E se a menina tivesse mesmo vocação para cantora de rock ou se tiver extrema paixão por animais e querer ser uma veterinária?

Me lembrei de quando tivemos nosso primeiro filho. Ele representa também o primeiro neto e ainda o primeiro filho do primogenito dos meus sogros chineses. Ao nascer, o meu filho já recebeu a incumbência direta de ser o herdeiro, um dia, o lider da geração dentro da mesma linha genealógica. Meu bebe, que nem pesava 4 Kg já recebeu esta carga enorme nas costas. E foi numa conversa não muitos dias depois que minha sogra chinesa mencionou, talvez num sonho acordado, qual universidade ele iria nos EUA, o neto que só tinha dias de vida ! O que se passava naquela cabeça dela naquele momento, não tenho a minima ideia. Será que ela já estaria pensando onde fazer doações anuais para garantir uma vaga no futuro ? (É comum nos EUA doações a instituições acadêmicas para aumentar o seu prestigio na hora da criança procurar vaga na escola).

Para mim soou mais que um insulto a uma mãe desesperada, ainda tentando ajustar-me a vida de mãe, com poucos intervalos entre os aleitamentos, me reestabelecendo das dores e das noites mal dormidas e a sogra ali, balbuciando alusões 20 anos a frente da realidade que vivíamos!

Antes que eu respondesse qualquer coisa meu marido falou, “Sei la se ele vai a uma faculdade, deixaremos ele decidir o seu proprio futuro”. Foi uma resposta coerente, pensei.

Não entendi o que veio depois da boca da minha sogra, só entendi que a resposta do meu marido não a alegrou. Fechou a cara em desolação pelo insulto e respondeu algumas coisas em Chinês. Só entendi o conteudo da conversa depois quando meu marido mandou um email com um link para a biografia do Steve Jobs, o fundador da Apple. Ele foi um “drop-out”, nunca foi brilhante academicamente, ao contrario, foi sempre um problema nas escolas. Suas ideias no entanto, fizeram dele o homem mais criativo e inovador do século, alguém duvida?

Sim, o que o meu marido queria dizer é que fazer uma faculdade não faz de ninguém uma pessoa mais sucedida que a outra. Meu marido completou para a minha sogra ainda: “Veja, eu terminei minha faculdade em computação numa prestigiada universidade americana e veja onde eu estou agora? Não fundei nenhuma Apple na minha vida”.

Esta afirmação do meu marido foi um insulto aos anos de trabalho do pai que ficou longe da família para garantir estabilidade financeira para que os 4 filhos tivessem uma educação descente. Como muitos filhos de imigrantes nos EUA, meu marido cresceu praticamente longe do pai que trabalhava na Ásia e deixou a esposa com os 4 filhos nos EUA onde os filhos receberiam melhor educaçāo, de acordo com o ideal da época. Se essa separaçāo foi certa ou errada já esta longe para ser julgada.

Esta sim, é a realidade que muitas famílias de imigrantes chineses passaram nessa época. Uma melhor vida academica iria garantir uma vida mais estável a todos no futuro.

Para o meu pai, imigrante japonês e sem ensino superior, a visão foi mais aberta e talvez por isso cresci sem pressão. Faculdade não seria importante e ele me deu opções na época. “Se você acha que tem algum dote especial, que pode te fazer despontar no futuro, se existe alguma coisa que você gostaria de fazer com paixão e se dedicar, vá em frente, dedique-se, seja com um diploma ou não. Mas prometa-me que nada vai fazer você desistir de conseguir chegar a essa meta”. “Se você acha que vai ser uma cidadã normal, talvez se despontando aqui e ali, então por favor tire um diploma pois é isso que vai fazer diferença no futuro”.

E eu decidi que seria uma cidadã normal, sem dotes para transformar a humanidade ou a vida das pessoas, não uma Eistein ou Marie Curie.

Reconheço esse tipo de mãe, a escritora do artigo, e não precisa ser chinesa, pode ser indiana ou japonesa. Umas mais que outras e pelo menos a autora do artigo não releva ter usado de forças físicas, o que causaria traumas físicos ainda maiores nas meninas. As sequelas do trauma psicológico causado por essa mãe talvez estejam por vir ou talvez jamais virá aparentemente.

Certo ou errado, minha maneira de educar esta longe de produzir genios e com certeza meus filhos não estarão pisando o palco do Carneggie Hall para tocarem piano e também espero, que nem para limpar o chão, mas espero que eles cresçam confiantes em si, com bagagem suficiente para que um dia eles tomem decisões por conta própria. Nosso objetivo agora eh o de lhes proporcionar a mais vasta experiência possível e um dia eles mesmos vão descobrir os seus próprios destinos.

Não os punirei por tirarem notas baixas na escola, mas os punirei por não cumprirem os deveres ou por deixar coisas mal terminadas. Ouvirão sermões por não terem se dedicado com mais ênfase nas tarefas pois mesmo que não fossem os primeiros ou os mais perfeitos, poderiam ter usado o máximo de seus esforços e se sentirem realizados.

Não faço estereótipos e nem generos no tipo de educação dos nossos filhos mas acho que nosso pensamento é partilhado por muitas mães coerentes por ai. E é simplesmente tão óbvio que talvez não tenha ninguem que vai sair por ai escrevendo e tentando ganhar publicidade sobre o óbvio.

Por outro lado posso ver também mães que leram o artigo e agora tem argumentos suficientes para forçar jornadas mais longas de lições de piano para os seus filhos: “Se ela conseguiu tocar aquela partitura com 6 horas de treino por dia meu filho terá agora 8 horas!”. Ou como uma prima não-chinesa casada com um primo chinês do meu marido falou da sogra : “Agora ela vai falar, ta vendo, toda criança chinesa passa horas e horas estudando, por que não os meus netos?”. E essa avó, que teve seus dois filhos graduados em Stanford e MIT respectivamente não morrerá feliz se seus netos não graduarem numa universidade de mesmo nível ou pelo menos superior.

Antes de terminar queria deixar claro que não estou sendo contra as mães chinesas. Uma lição é não polarizar: “mãe chinesa” e “mãe não chinesa” pois todas tem seus pontos positivos e negativos. Hoje eu e minha sogra nos damos bem e vivemos num pacto de ela não impor. Nem sempre nós estamos certos ou não temos a experiência e nesses casos a sabedoria dos Chineses mais velhos ajuda e é bem vinda porque o que todos querem no final das contas é só o melhor para as crianças, não é mesmo?"

Nota (RC): Texto original e transcrito AQUI, diretamente da "TRAVESSIAS (E TRAVESSURAS) EM SIAM". Obrigada por permitir a reprodução aqui, Simone!

Esse mesmo tema/assunto rendeu um outro POST no BLOG MULHER 7x7. Quer ler também? E' so' clicar AQUI.

ACRÉSCIMO (RC): No "MÃE E' TUDO IGUAL" a VANESSA ANACLETO também tratou de falar sobre o assunto! AQUI!

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...