Texto originariamente publicado no "UMA ESPOSA EXPATRIADA"(U.E.E.), em 17/11/2009.
Imagem: Arquivo Pessoal
Bem, eu não sou médica, pediatra, psicóloga, psicoterapeuta, professora ou pedagoga. Sou apenas uma mãe de três filhos pequenos, e uma mulher observadora e um ser pensante.
Então, nessa qualidade de mãe, é que quero dizer a minhas amigas e amigos que tem filhos, ou que os terão: NÃO SUBESTIMEM SEUS FILHOS.
E isso vale para todas as idades. Quando você achar que ele “está pronto para aquela conversa”, JÁ ERA! Ele já sabe de tudo. Quando você achar que está na hora de ensiná-lo sobre os perigos da vida, ele já foi surpreendido por um deles! Quando você achar que está na hora de ele começar o inglês… ele já devia ter terminado… quando você achar que ele já poderia estar andando ou falando corretamente, ele já o teria feito a mais tempo se você o tivesse encorajado e não tivesse o impedido de cair ou de gaguejar. Se você viu um brinquedo novo na loja, mas pensou “ainda não é para a idade dele”, acredite: é’. Se você puder fazê-lo: compre-o.
A minha primeira eu já colocava “de castigo” aos sete meses! Megera??? Não! Era rápido! Menos de um minuto, mas ela já entendia, pois já era muito ativa e já iniciava na fala “entendida”. Ela, por exemplo, andou aos oito meses e 20 dias! Antes dos nove meses! Como era a primeira, achava totalmente normal.
Dizem que a gente mima o primeiro, não é? É o que dizem… mas eu mimei a segunda… o terceiro… já nem sei se é mimo... bem, carinho, amor, apertão, beijos (milhões deles) eu tenho (e dou) para os três todos os dias.
A segunda não gostava de beijo quando nasceu. Mas nós lutamos contra isso. Fomos dando mais e mais carinho e amor, mais do que o normal até, para ela se acostumar a receber carinho e amor… e deu certo, sabe?
A gente vê bem quando tem mais de um filho, que a gente não pode cuidar de todos do mesmo jeito. Ah não! E isso não quer dizer amar mais ou menos um ou outro - é sabiamente saber amar. Respeitar as diferenças , ressaltar os pontos fortes e tentar minimizar os pontos fracos. É uma tarefa difícil (e muitas vezes inglória), mas serve – como já disse aqui nesse BLOG – como uma eterna auto análise - se não deixarmos essa oportunidade nos escapar das mãos, e todos bebem dessa incrível experiência!
Também sou a favor dos pais demonstrarem suas fraquezas aos filhos. Quero dizer, ser sim um modelo, uma figura de respeito e de admiração, mas nunca um sujeito idealizado, perfeito, inatingível. Porque de uma a duas: ou ele se frustra porque nunca vai ser daquele jeito e se sente um eterno derrotado, ou filia-se a SÍNDROME DA JAKIE: “Jakie eu não vou conseguir, vou desistir”; “ Jakie não sou bom o bastante, não vou fazer”; “ Jakie vou fazer errado, nem vou começar”; “Jackie vou comprar errado, nem vou ao Mercado”; “Jackie sou um Burro, nem vou estudar”, etc, etc, etc. e torna-se um preguiçoso ou um desocupado na vida adulta.
Não é mesmo fácil educar um filho. Criar é somente mante-lo vivo, na minha vã opinião. Mas educa-lo! Puxa! Aqui a gente usa o método da conversa, da negociação e da punição sim (não física, é claro) como a perda de um brinquedo ou a ausência temporária do joguinho preferido, por exemplo. Lembro-me que, ano passado, impedi que a minha mais velha fosse numa Casa de Festas, no aniversário da AMIGA QUE MAIS GOSTAVA DO COLÉGIO em que estava. A minha única apreensão era a mãe da menina não compreender nossa ausência… e até romper a amizade… mas ela entendeu que fôra uma atitude extrema, em que uma vez dito “se você continuar a fazer isso, você não vai a festa da Gi” - e eu não podia mesmo voltar atrás…
Ah! Sim, não é fácil ser consistente! Mas se você diz algo ao seu filho e não cumpre, esquece que disse, ou finge que esqueceu, com o tempo você e sua fala vão se tornando cada vez mais ralas, mas insossas, e assim, serão ignoradas veementemente no futuro (breve futuro). Aja assim e verá!
E tem mais uma coisinha: lembrem-se que tudo o que informamos a eles especialmente nos cinco primeiros anos de vida da criança (há pesquisas e comprovações cientificas a este respeito) são essenciais para o “como eles vão lidar com a vida deles depois, na idade adulta”.
Por exemplo, um erro comum: quando a criança se machuca porque bateu a cabeça na mesa! Muitos adultos imediatamente culpam a mesa pelo acontecido, dizem “mesa feia” e batem na mesa! Ei! Agindo assim, o que estamos transmitindo aos pequenos? Ele nunca tem culpa de nada? Até os objetos inanimados são culpados pela dor dele???? E outro clássico exemplo é quando a criança está chorando (por motivação real ou não, não importa) e o adulto imediatamente oferece-lhe um doce, uma bala, um biscoito, vá la' a chupeta! Alôooo! Eles está aprendendo desde cedo a “compensar” a dor e o sofrimento no “doce” ou na “coisa”???
Resumindo, devo aqui um registro de gratidão a minha amada Mãe, que até tentou descobrir a minha aptidão: me colocou no ”inglês, balé, piano, flauta doce, artes plásticas, órgão, ginástica rítmica, teatro, natação”... será que eu estou esquecendo algo??? Se não me especializei em artes ou musica ou esportes não foi culpa dela ou desmérito meu. Só o meu estilo é que não se enquadrou e “um” estilo especifico. Mas isso sem sombra de duvidas contribuiu para o mundo de coisas que povoam minha mente, sem conflitos, com conforto e certa preguiça. Assim, hoje, sou uma pessoa bastante eclética e posso conversar e transitar por muitos mundos e “espécies” sem me sentir “constrangida”. Não isso não quer dizer que sou uma pessoa sem “conteúdo real”, ou que “não sabe para onde ir, e por isso vai a todos os lugares”. Estou dizendo que posso estar e versar por entre todos os cantos, se quiser – mas não quero: meu pouso é aqui, onde e como estou. E feliz, obrigada!
A minha Mãe, pois, dou um grande “VIVA!” pelo trabalho realizado. Thanks mum!
Nos falamos depois, boa sorte com as crianças aos que as tem, ou aos que com elas convivem!
E a dica permanece para todos: não as subestimem!
(RC)
Um comentário:
Muito bom esse post. Adorei a "síndrome de Jackie" kkkkkkkkk
Beijos
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